A transição energética diz respeito ao processo de transformação da matriz energética mundial, deslocando-se de fontes de energia derivadas de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás natural, para fontes de energia renováveis mais sustentáveis, tais como solar, eólica, hidráulica e biomassa.
Essa mudança é essencial para enfrentar os desafios das mudanças climáticas, fomentar a sustentabilidade ambiental e assegurar um futuro energético mais limpo e seguro.
O Contexto Global
O mundo está enfrentando uma crise climática sem precedentes, marcada pelo aumento das temperaturas globais, eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade e impactos severos em comunidades humanas e ecossistemas naturais.
Os combustíveis fósseis são os principais responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa, que são os maiores causadores das mudanças climáticas.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), é fundamental reduzir drasticamente nossas emissões de carbono para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
A Transição Energética e as Oportunidades no Agronegócio
A transição energética, urgente e necessária, exigirá investimentos adicionais em tecnologia que podem alcançar US$ 5 trilhões por ano no mundo – um grande desafio, mas com inúmeras oportunidades para o Brasil.
O agronegócio, em parceria com a indústria de energia, duas grandes potências brasileiras, pode desempenhar um papel fundamental neste processo, acelerando nosso crescimento de maneira sustentável e assumindo um papel de destaque no processo de descarbonização.
O que está em jogo: riscos climáticos e segurança energética.
Dois fatores impulsionam a busca por fontes de energia renovável ao redor do mundo. O primeiro está relacionado às mudanças climáticas e ao agravamento do aquecimento global.
De acordo com o estudo “Historical GHG Emissions” realizado pela organização ClimateWatch, em 2019, a atividade de geração de energia foi responsável por aproximadamente 76% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE).
O segundo ponto está relacionado à segurança energética, desafiada pelos efeitos de conflitos geopolíticos que destacam a alta dependência de algumas regiões do mundo em relação à energia fóssil, fortemente concentrada em determinados países.
Apesar dos consideráveis investimentos já feitos em fontes renováveis globalmente, a velocidade de implementação e alcance ainda não foram suficientes para atender à crescente demanda, fato ilustrado pelo aumento de 5% nas emissões globais em 2021, conforme dados da Agência Internacional de Energia (AIE).
Alternativas energéticas renováveis e inesgotáveis, como os ventos e o sol, permitirão a independência desses países, considerando sua exploração sustentável e a abundância dessas fontes em todo o mundo.
As Fontes de Energia Renovável
Energia Solar:
A energia solar é considerada uma das fontes de energia renovável mais promissoras e acessíveis. A tecnologia fotovoltaica transforma a luz do sol diretamente em eletricidade, sem gerar emissões de gases poluentes.
Além disso, a energia solar pode ser aplicada em sistemas de aquecimento de água, diminuindo ainda mais a dependência de combustíveis fósseis.
Energia Eólica:
A energia eólica utiliza o movimento do ar para produzir eletricidade. Turbinas eólicas são colocadas em locais com ventos constantes, como zonas costeiras e planaltos, e têm a capacidade de gerar grandes quantidades de energia de uma maneira limpa e sustentável.
Energia Hidráulica:
A energia hidráulica é produzida a partir do deslocamento da água, normalmente em grandes represas. É uma das fontes de energia renovável mais antigas e amplamente empregadas, proporcionando uma fonte de energia estável e confiável.
Biomassa:
A biomassa engloba materiais orgânicos, como resíduos agrícolas, madeira e resíduos orgânicos, que podem ser transformados em energia por meio de processos como combustão e fermentação. Se gerida de maneira sustentável, a biomassa tem o potencial de ser uma fonte de energia renovável.
Uma “Matriz de Oportunidades”
A colaboração entre o agronegócio e a indústria de energia no Brasil pode levar a avanços significativos na transição energética e na descarbonização global.
O país tem um grande potencial para produzir biocombustíveis a partir de resíduos agrícolas e pecuários, além da capacidade de gerar hidrogênio a partir de fontes renováveis, conhecido como hidrogênio verde.
Frentes com Progresso Significativo
Etanol, Biodiesel, Biogás e Biometano:
Além do etanol, que já é um exemplo de sucesso em biocombustível no Brasil, a produção e utilização do biodiesel também estão ganhando importância.
No setor sucroenergético, além do bagaço de cana, amplamente empregado para geração de energia elétrica e vapor em caldeiras, existe um potencial promissor para a produção de biogás e biometano a partir dos resíduos (vinhaça, palha da cana e torta de filtro) originados dos processos industriais do agronegócio.
O potencial de produção de biogás é ainda mais amplificado com outros resíduos atualmente usados principalmente como fertilizantes, incluindo dejetos de animais da pecuária.
Fertilizantes:
Outro aspecto crucial da cadeia agrícola para o Brasil é a produção de fertilizantes, um insumo no qual o país, quarto maior consumidor mundial, depende intensamente do mercado internacional.
Considerando que cerca de 25% do PIB brasileiro está relacionado ao setor agropecuário, percebe-se a nossa vulnerabilidade e a consequente importância estratégica do tema para o Brasil.
O hidrogênio verde pode ser uma solução potencial para reduzir a dependência de fertilizantes importados, contribuindo simultaneamente para a descarbonização da cadeia produtiva da agropecuária brasileira.
Hidrogênio Verde:
O Brasil possui grande potencial para a produção de hidrogênio verde em larga escala utilizando processos com fontes renováveis, combinados a sistemas de geração de biomassa e biogás, que podem ser implementados em pequenas propriedades rurais.
O hidrogênio verde pode servir como um combustível limpo para diversas aplicações, incluindo o setor de transportes. Além disso, o hidrogênio verde pode desempenhar um papel crucial no sequestro de carbono, convertendo resíduos agropecuários em biofertilizantes.
Eficiência Energética:
A transição energética pode promover a implementação de práticas agrícolas mais eficientes no uso de energia, como sistemas de irrigação mais eficazes e técnicas de manejo que diminuem o consumo energético.
Exemplos dessas técnicas incluem a rotação de culturas e a adoção de sistemas agroflorestais. Esses progressos têm o potencial de posicionar o Brasil como um dos maiores exportadores de energia do mundo.
Enfrentando os Desafios para Progredir
A transição energética apresenta vários desafios:
Financiamento para a Transição Energética: A implementação de tecnologias sustentáveis demanda investimentos substanciais, exigindo mecanismos de financiamento eficientes.
Viabilidade Econômica e Técnica: As tecnologias variam em viabilidade de acordo com a região e o tipo de produção agrícola, exigindo soluções diversificadas.
Resistências à Mudança: Alterações de longo prazo nos modelos de negócios podem enfrentar resistência em setores conservadores.
Segurança Energética: A dependência de fontes renováveis expõe os consumidores à intermitência e a eventos climáticos extremos.
Políticas Públicas: O desenvolvimento de políticas eficazes é essencial para apoiar a transição, exigindo colaboração entre o governo e o setor privado.
Competitividade e Incentivos: Para manter a competitividade no mercado global, é essencial implementar políticas comerciais que promovam práticas sustentáveis.
Impacto e Oportunidades no Setor Agrícola
A integração de energias renováveis não só diminui a dependência de combustíveis fósseis, como também cria novas oportunidades econômicas para o agronegócio brasileiro, beneficiando diretamente o agricultor e impulsionando a agroenergia, principalmente na produção de soja.
Na nossa 26ª CEO Survey, 81% dos líderes do agronegócio afirmam que suas empresas já implementaram ou estão implementando iniciativas para reduzir as emissões, um percentual significativamente maior do que a média geral brasileira (63%) e a média global (66%).
Diálogo e Cooperação são Fundamentais
Para progredir na transição energética, é fundamental integrar os setores do agronegócio, energia e o setor público. A participação em fóruns internacionais e a divulgação das potencialidades do Brasil são essenciais para atrair os investimentos necessários.
A colaboração entre governo, iniciativa privada e outras entidades é crucial para desenvolver políticas eficazes e garantir uma transição justa e responsável que promova o desenvolvimento sustentável.
Conclusão: O Papel da SciCrop na Transição Energética
A SciCrop, líder em soluções digitais para o agronegócio, desempenha um papel essencial na transição energética, auxiliando produtores a integrarem fontes de energia renovável em suas operações.
Com mais de 100 projetos de análise de dados e uma presença significativa em mais de 2,5 milhões de hectares, a SciCrop promove práticas agrícolas sustentáveis e otimiza as operações por meio de tecnologia avançada e dados sofisticados.
Dessa forma, a empresa não só maximiza a produtividade agrícola, como também reduz o impacto ambiental, contribuindo para um futuro energético seguro e sustentável.