A ocorrência de sintomas de enrugamento ou encarquilhamento das folhas na soja é uma anomalia observada há muitos anos. Mesmo assim, a pesquisa ainda não traz certeza sobre as causas do problema.
Há relatos em diferentes regiões do país, com predominância da Região Sul e esses relatos tem se tornado mais frequentes a cada ano. As plantas com esses sintomas, normalmente, se apresentam na forma de pequenas ou grandes reboleiras (manchas) nas lavouras.
O Dr. Álvaro de Almeida, pesquisador da Embrapa Soja, estudou exaustivamente esse problema e descartou a possibilidade de ser causado por algum tipo de vírus, como pensado inicialmente. Por isso, denominou a anomalia de “falsa virose”, em função da semelhança dos sintomas com doenças causadas por vírus. A principal diferença entre essa falsa virose e uma virose real (o vírus do mosaico comum da soja, por exemplo), é que essa não forma um verdadeiro mosaico (áreas verde-claras entremeadas com áreas verde-escuras e com encarquilhamento mais “bolhoso”), que são sintomas típicos da verdadeira virose.
Inicialmente, o pesquisador atribuiu o problema à ocorrência de temperaturas baixas. Em estudos posteriores, descartou essa possibilidade após submeter plantas de soja a temperaturas baixas no período noturno, em condições controladas, sem conseguir reproduzir os sintomas. Mesmo assim, não se pode descartar completamente a influência das baixas temperaturas pois, na natureza, essas podem ocorrer associadas a rajadas de vento e a outros fatores, o que é difícil de reproduzir em câmaras de crescimento.
O Dr. Marco Antônio Nogueira, também pesquisador da Embrapa Soja, descartou a possibilidade do problema ser devido à toxidez de manganês ou de outro nutriente do solo. Também, até o momento, a fitotoxicidade ocasionada por aplicação incorreta de herbicidas não parece ser um dos fatores.
Outra constatação é que existe grande variabilidade de resposta quando se comparam diferentes genótipos de soja. Ou seja, cada cultivar reage de forma diferente, havendo algumas que são muito suscetíveis e outras, aparentemente, imunes. Além disso, lavouras estabelecidas em solos pesados (argilosos) são mais propensas ao problema do que aquelas localizadas em solos leves (arenosos). Na maioria dos casos, as plantas afetadas conseguem se recuperar ao longo do ciclo de crescimento e quase não apresentam redução no rendimento, exceto quando o problema for muito severo.
A pesquisa tem se desdobrado para descobrir as reais causas do problema que, provavelmente, seja resultado de uma conjunção de fatores e não, de um fator isolado. Esperamos poder oferecer uma resposta mais satisfatória ao produtor nos próximos anos.
Fonte: Blog da Embrapa Soja.