Saiba como conflito no leste europeu pode afetar o mercado nacional
Os conflitos militares entre Rússia e Ucrânia não são uma exclusividade deste ano.
Desde 2014, os dois países vêm travando pequenos combates entre si, sendo os mais famosos: a crise da Criméia e a guerra em Donbass.
Entretanto, foi em 2022 que a situação chegou a seu apogeu com a invasão militar russa ao território ucrâniano, episódio que tem provocado grande crise humanitária e impacto nos mercados de todo o mundo.
Quando analisamos especificamente o segmento econômico das commodities agrícolas, encontramos mudanças ainda mais profundas e complexas, visto que ambos os países possuem grande relevância no setor.
A força da agricultura ucraniana
A Ucrânia possui um território extremamente propício para o desenvolvimento da agricultura.
O país é quase inteiramente dominado por planícies e planaltos, apresenta uma boa disposição de recursos hídricos, e além disso, aproximadamente 70% de suas terras são férteis (agricultáveis).
Todos esses fatores geográficos impulsionam a atividade agrícola no país, sobretudo no referente à produção de gêneros que se adaptam a climas mais amenos, como sementes, cereais e derivados.
Para dar dimensão da importância da Ucrânia para o agronegócio global, o país está ranqueado entre os 10 maiores produtores de culturas de alta relevância como: milho, trigo e soja.
A Ucrânia ainda lidera a produção de óleo de girassol e também possui altos postos no que diz respeito a óleo de canola e cevada.
A imagem abaixo, elaborada pelo USDA, ilustra o poderio da Ucrânia na agricultura:
Oportunidades para o Brasil: interrupção de importações ucranianas e crise de combustíveis
Devido a estratégia Russa de iniciar a ocupação pela porção leste do país (Donbass) e pela Criméia, a Ucrânia viu sua única saída marítima (pelo Mar Negro) bloqueada, fato que juntamente ao fechamendo dos portos (Chornomorsk, Mikolayiv, Odessa, Kherson, Yuzhny, Nikolaev e Mariupol) interrompeu grande parte da saída de commodities do país.
Com esse grande player fora do mercado por tempo indeterminado, naturalmente haverá um decréscimo na oferta de grãos e cereais, o que certamente elevará seus preços e beneficiará os demais países produtores, como o Brasil.
Apesar de tudo, esse momento de alta ainda está um pouco distante, visto que o inverno vigora na região desde o início do conflito e impossibilita o plantio. Oferta e demanda devem ser realmente afetadas a partir de Julho, período anual de colheita no país.
Entretanto, a economia global vem experimentando sim efeitos de curto prazo, como por exemplo, o aumento do preço do petróleo devido às sanções impostas à Rússia, fato que pode alavancar o consumo global de etanol, e consequentemente, a produção de cana em nosso país.
Ameaças para o Brasil: sanções internacionais à Rússia e escassez de fertilizantes.
Os países do bloco ocidental, principalmente os líderes da OTAN, responderam a ordem de invasão russa com sanções econômicas que incluíram a exclusão do país do sistema SWIFT, restrições comerciais e o bloqueio de suas reservas internacionais.
Visto que o país é o oitavo maior consumidor de proteínas animais brasileiras e simultaneamente é responsável pelo fornecimento de 25% dos fertilizantes utilizados no Brasil, certamente o conflito também trará impactos negativos para o agro brasileiro ao longo de 2022.
Como aproveitar-se desses eventos através da tecnologia?
Para auxiliar os produtores nacionais a superar esse momento de instabilidade, o uso das tecnologias de big data analytics é fundamental.
Os modelos preditivos são uma excelente ferramenta para antecipar mudanças bruscas da demanda e do preço de insumos, como no caso dos fertilizantes, e também das próprias commodities agrícolas.
Em um eventual cenário de crise, automatizar e agilizar operações de manejo também é imprescindível, neste contexto, plataformas de agricultura digital e softwares de agricultura de precisão são ideais para levar o produtor a esse tipo de otimização.
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