A deriva é um dos problemas mais comuns enfrentados nas aplicações, e quando pulverizados sob circunstâncias normais, todo esforço deve ser feito para tentar se reduzir sua probabilidade. Assim, a velocidade do vento é um importante fator a se verificar antes de se tomar a decisão de iniciar ou interromper a pulverização.
A condição mais segura para se pulverizar é com vento constante de 3,2 a 6,5 km/h, que corresponde a uma brisa leve, caracterizada pelo vento sendo perceptível na face mas capaz de movimentar apenas levemente as folhas. Pulverizações são inaceitáveis com ventos inferiores a 3,2 km/h, principalmente em dias quentes de sol, pois as correntes de convecção podem ocasionar grande deriva em direções imprevisíveis.
A direção do vento deve ser considerada, mesmo se a velocidade estiver dentro do aceitável, de forma a evitar que culturas vizinhas suscetíveis, residências (ou outras construções tais como escolas, hospitais, etc.) ou corpos d’água corram o risco de serem contaminados pela calda carregada pelo vento.
A temperatura e a umidade relativa, por sua relação com a evaporação da água e a deposição das gotas, também devem ser consideradas. A superfície do líquido é enormemente aumentada quando fragmentada em gotas, e perde a porção volátil por essa superfície. A água é um líquido volátil e se evapora no trajeto entre a máquina e o alvo. Em condições tropicais de alta temperatura, o fenômeno da evaporação das gotas é bastante problemático, agravando-se sobremaneira em dias mais secos, quando a umidade relativa do ar é baixa. Nestas condições, uma gota de água se converterá em vapor muito rapidamente, fazendo com que aplicações com gotas médias ou pequenas muitas vezes não cheguem a atingir o alvo, desaparecendo antes.
Bem cedo pela manhã, há uma “inversão”, quando as temperaturas dentro ou sobre uma cultura são mais altas que aquelas sobre a superfície do solo. Sob estas condições o ar está geralmente muito calmo e se pequenas gotas são pulverizadas neste momento, podem permanecer no ar por um longo período de tempo. O destino final das gotas menores é imprevisível quando não há vento que as sopre em uma direção. Sem vento, as gotas eventualmente decantam com a gravidade e sedimentam na parte superior de superfícies horizontais. Mais tarde, quando o sol esquenta a terra e aumenta a temperatura do ar, pequenas gotas com baixa velocidade de queda podem mover-se para cima, contra a gravidade, em correntes de ar de “convecção”. Tais correntes de ar para cima são substituídas por correntes de ar mais frio para baixo. Este movimento de ar causa turbulência.
Na maioria das aplicações tradicionais em cana-de-açúcar, por exemplo, empregam-se gotas grandes e o bico está suficientemente próximo do alvo, de tal forma que esse fenômeno, ainda que se manifeste, não chega a afetar o desempenho biológico do produto. Entretanto, quando se utilizam gotas pequenas que devem caminhar uma razoável distância até sua deposição final (aplicação por aviões), o fenômeno da evaporação torna-se perceptível, influindo negativamente no resultado da aplicação. Não se deve esquecer no entanto que, mesmo nas aplicações clássicas, existe um apreciável contingente de gotas pequenas entre as gotas grandes.
De uma forma geral, temperaturas superiores a 30º C e umidade relativa inferior a 55% são impróprias à pulverização.
Fonte: Equipamentos e técnicas de aplicação de produtos fitossanitários na cultura da cana-de-açúcar (Hamilton Humberto Ramos, Centro Apta de Engenharia e Automação, Instituto Agronômico, Jundiaí – SP).