Com mais de 70 nutrientes disponíveis e de rápida absorção, as algas marinhas têm sido cada vez mais utilizadas na agricultura brasileira. A técnica, que começou a ser aplicada na década de 70 na França, ganhou estudos mais robustos nos últimos anos, inclusive em universidades nacionais, e hoje já é apontada como uma das alternativas ecologicamente corretas com melhor resposta de produtividade.
O vice-diretor da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Wilson Mozena, conta que os estudos se intensificaram nos últimos cinco anos e que os resultados têm sido excelentes nas mais diversas culturas. “As respostas são muito boas não apenas em alimentos ricos em cálcio, como tomate, mas também quando o agricultor busca um ajuste fino para o aumento de sua produtividade. Há ainda a possibilidade do uso na ração animal”, explica.
As algas do tipo Lithothamnium apresentam em sua constituição diversos macro e micronutrientes, com destaque para o cálcio e magnésio, além de substâncias orgânicas como aminoácidos.
Mozena explica que, além dos nutrientes da própria alga, sua porosidade permite que micro-organismos do solo encontrem uma espécie de abrigo no material. “Em alguns casos, o resultado vem por meio dos nutrientes, em outros casos, pela absorção feita pela porosidade da alga e, em outras situações, pela combinação destes dois fatores”, acrescenta ele.
Nos últimos dois anos, a UFG iniciou parceria com uma empresa, que desenvolveu duas linhas de produtos para fertilização do solo e alimentação animal. A composição permite a utilização do composto de algas sozinho ou em mistura com outros fertilizantes.
Os números são expressivos: experimento realizado em Silvânia, Goiás, em cultivo de soja iniciado em novembro de 2012 e com colheita em abril de 2013 comparou a adubação padrão utilizado na fazenda e o tratamento com algas, somado à mesma dose de NPK . O resultado foi um aumento de 6,7% na produtividade com as algas, elevando a produção de 39,90 sacas por hectare para 42,60.
O uso de algas em pastagens de braquiária na região central e norte do Brasil tem mostrado benefícios relevantes, permitindo até dobrar o número de animais pastejando por hectare. “A parceria das universidades com a iniciativa privada é importantíssima para o desenvolvimento de tecnologias nacionais. O Brasil precisa disso para não depender de inovações vindas do exterior”, defende Wilson Mozena.
Fonte: Agrolink